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A Era da Arquitectonica de Miami: Por Trás da Empresa de Arquitetura que está Moldando

O Horizonte de Miami

06/03/2023

Certas cidades surgem nos lugares mais improváveis, em circunstâncias mais anormais. Desde São Petersburgo surgindo num piscar de olhos de terras pantanosas nebulosas, até Dubai se elevando com velocidade de internet das dunas dos Emirados Árabes Unidos, e Las Vegas aparecendo como um miragem colorido de meados do século no deserto de Nevada, esses lugares são simultaneamente triunfos da engenhosidade humana e símbolos precários de arrogância diante do tempo e da natureza.

É através da arquitetura que, singular e única para si mesmos, eles crescem além de fantasias deliberadas e tornam-se entidades reais e duráveis na psique internacional.

Tendo crescido a tal ponto que é chamada de “Cidade Mágica” e situada a pouca altitude acima do nível do mar, sujeita a furacões e pressionada entre terras pantanosas e o oceano, Miami é uma dessas aglomerações urbanas precárias que se tornaram um repositório para nossa imaginação coletiva. É uma cidade que, em termos práticos, não deveria existir, mas viu contínuos surtos (e quedas) imobiliários, deixando um horizonte cheio de arranha-céus e uma população de mais de 5 milhões de habitantes. Miami é o terreno de mistura multiétnica onde o Caribe e suas culturas se fundem com a especulação do continente dos EUA.

Para que uma arquitetura se torne sinônimo de um lugar, projetando-o para novos públicos, ela deve incorporar um zeitgeist mais amplo, conectando-se a correntes de pensamento internacionais, mas indo espetacularmente além delas. Miami fez isso em duas instâncias brilhantes.

Primeiro, teve o arquiteto inclassificável e brilhante Morris Lapidus. Ele estabeleceu o tom para uma cidade que era ao mesmo tempo decididamente moderna (o Estilo Internacional sendo o espírito da época) e fundamentalmente surreal. O Hotel Fontainebleau de Lapidus (1954) foi a epitome dessa abordagem de design. Um refúgio da elite de Hollywood e um cenário de glamour aspiracional, o hotel tem exteriores expressivos reminiscentes tanto do Art Deco quanto da imagética náutica. Eles foram contrastados no interior com um mundo alucinatório de trompe l’oeils, tetos barrocos, pisos de mármore e escadarias de estilo maneirista com ferragens ornamentais. A austeridade do alto modernismo tornou-se a mágica extravagante à beira-mar.

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Então surgiu a Arquitectonica, uma prática arquitetônica cuja ascensão foi tão fantasmagórica e miraculosa quanto a cidade da qual emergiu. Lançada por Laurinda Spear e Bernardo Fort-Brescia em 1977, a Arquitectonica construiu seu primeiro projeto em 1978 e, dentro de cinco anos, já tinha uma série de projetos importantes em Miami que ajudaram a definir a noção popular de arquitetura contemporânea para toda uma geração ao redor do mundo. Esse legado está capturado em um novo livro ricamente ilustrado de 400 páginas sobre o trabalho do escritório em seu 40º aniversário, escrito pelo crítico Alastair Gordon.

Assim como Koolhaas, a Arquitectonica nunca teve problemas ou angústias com escala. A Atlantis era uma peça totalmente formada e cheia de vigor de design heróico para uma era mediada pela globalização, e anunciou uma carreira de composições gigantescas que teriam desafiado Le Corbusier ou Mies van der Rohe. Projetos como os do Horizon Hill Center em San Antonio (1982, não construído) anteciparam a confiança estridente de um globalismo pós-Guerra Fria que só vimos realizado 20 anos depois, enquanto outros trabalhos não construídos da Arquitectonica como Miami Riverbay (1981), o Helmsley Center (1982), e o Orlando Convention Center utilizaram a linguagem descontraída e bizarra de contrastes inesperados que o escritório pioneirou com a Atlantis, mas em uma escala mais próxima do design urbano. Cada um desses designs não construídos era algo como um retorno entusiasmado ao sonho modernista da cidade dentro da cidade.